Monstros: A história de ED GEIN




Série: Monstros: A história de Ed Gein
Temporadas: 3
Lançamento: Outubro de 2025
Gênero: Terror, Suspense
Episódios : 8
Nota: 3,5 de 5
Produção: Netflix

 Desde que a nova temporada de Monstros estreou na Netflix, ela tem dividido opiniões. Alguns gostaram, outros nem tanto. Não assisti a série dos Irmãos que lançou antes dessa, porque não me chamou atenção, mas eu já sabia algo do ED GEIN tem um tempo. Eu vou tentar aqui passar a concepção que eu tive pra vocês, do que realmente a série quis passar. Ed Gein talvez não tenha sido tão conhecido e explorado como Ted Bundy ou Dahmer, mas ele certamente inspirou alguns assassinos em série. Lembrando, que apesar de ter cometido crimes hediondos e horrendos, Ed não fazia o perfil de um assassino que matava em série. Na verdade , a maior parte do material encontrado em sua casa eram de pessoas recém falecidas, ele praticava necrofilia e fazia roupas, objetos e outras coisas com as peles delas. Enfim, se vocês quiserem saber mais detalhes é só dar um google que agora tem várias matérias sobre ele rolando.


Houve muitas discussões sobre a série, alguns alegaram que a série se perdia pois não foca somente nos crimes do Ed, como em Dahmer, mas também na influência dele para inspiração de personagens que acabaram se tornando clássicos de terror posteriormente e também assassinos reais. Eu conhecia pouco do Ed Gein, mas particularmente o achei mais complexo. Ed, era totalmente castrado pela mãe, que era uma mulher extremamente controladora, devota e excedia os limites de moralidade e respeito.




Aqui, a série alterna principalmente nos primeiros episódios fazendo um paralelo primeiramente com Psicose, já que o personagem Norman Bates foi baseado no Ed. Aqui, mostra que o diretor de Psicose, se aproveitou da história pra criar um personagem alterando alguns fatos. Psicose foi um sucesso, e a produtora do filme queria mais pois as pessoas começaram a simplesmente gostar do gênero slasher/ fatos reais. Sendo assim, uma questão se instalou o problema são os filmes produzidos em cima desses fatos ou as pessoas que consomem esses filmes? É uma ótima questão de reflexão. 


Assisti uma entrevista do Charlie, que interpreta o Ed, e é incrível como ele incorpora o personagem. Ele mesmo questiona essas coisas, e de como o produtor quis deixar esse paralelo para mostrar a influência de certas atrocidades na sociedade  e na indústria. Posteriormente, vemos relance de o massacre da serra eletrica e silencio dos inocentes * ambos personagens desses filmes também inspirados em Ed. E é por isso que a série foca tanto em paralelo com isso. Algumas pessoas acharam chato essa repetição de menção, mas aqui vemos que a história do Ed deu entrada pra um gênero de terror muito conhecido hoje em dia, e que as pessoas queriam mais disso.


De fato, muita coisa na série é ficção, assim como as outras temporadas nem tudo aqui é real. Algumas coisas, são colocados pra efeito de roteiro ou desenvolvimento, mas as atrocidades do Ed estão definitivamente presentes. Algumas cenas são dificeis de ver, principalmente aquelas ligas a necrofilia. É impressionante ver como uma mente funciona depois que ultrapassa certas barreiras. O Ed aqui não tinha noção dos seus crimes o que não o inocenta de nada.





Muitos podem entender isso como um tipo de redenção, querendo dizer que os produtores queriam justificar suas ações, mas eu penso diferente. Todos os seriais killers tem camadas profundas, e se formos a fundo alguns são mais perturbadores que outros. Compreender a mente deles vai muito além disso. Ele é culpado sim por suas ações, não é inocente, mas o contexto deve ser considerado. 


Ed queria ficar próximo da mãe, já que tinha uma relação tóxica e extremamente inadequada com ela. E depois de sua morte, ele simplesmente não soube lidar com aquilo. Já existia algo ali, que a mãe dele reprimiu e ignorou. E depois, simplesmente foi extrapolado pelo Ed. O caso dele se diferencia, porque ele claramente tinha problemas mentais diferentemente de outros assassinos. Não era só psicopatia, era também a esquizofrenia em que ele ouvia a mãe e imaginava coisas não sabendo diferenciar do que era real.


Em alguns casos, como o do Kemper - que aparece no final da série- algumas similiaridades aparecem já que o Kemper matava por conta dos maus tratos da mãe, e isso tudo girava em torno disso. Temos também similiaridade com Dahmer, que tirava carne das vítimas e ficava com alguns cadáveres. 


A série pode parecer lenta no começo, mas ela vale a pena. O paralelo dos filmes inspirados nele te faz refletir, o que se fez do gênero como esse? O diretor de Psicose estava errado em criar isso? Depois que você continua, a série acaba se desenvolvendo um pouco mais, e Ed acaba sendo internado em um hospital psiquiatrico onde permanece até sua morte.


Temos referências a Mindhunter no episódio final, e isso me deixou empolgada já que os dois agentes entrevistam Gein como na série, e também aparecem outros atores e assassinos como Jerry Brudos ( dos sapatos) aliás o mesmo ator interpreta ele aqui, temos também Kemper, Richard Speck ( que assassinou várias enfermeiras em uma noite e neste episódio é retratado de uma forma diferente do que em Mindhunter o que me surpreendeu), temos também é claro Ted Bundy mencionado e todos eles com uma certa fascinação e declínio com relação ao Ed, o reverenciando e o usando como inspiração. Algumas coisas aqui, foram ficticias, já que o Ed nunca ajudou a capturar o Bundy e as outras coisas provavelmente foram colocadas para firmar a ideia de influência sobre outros do mesmo jeito dele. 


Ed, por fim, pra mim parecia que só queria entender quem ele era. E morreu sem conseguir isso. Ele devia sim pagar por seus crimes, e novamente ele não deve ser absolvido de nada, mas é muito reflexivo ver como as coisas acontecem dentro da perspectiva de uma pessoa como ele , e de como algumas coisas em sua vida ultrapassam o limite da realidade e fantasia. 


Certamente as pessoas queriam uma série mais pesada com crimes mais brutais, e com foco totalmente nos crimes como em Dahmer, mas aqui temos uma reflexão digna de como ele foi fundamental em vários elementos. Inclusive, no final, uma enfermeira disse que era pro Ed escrever um livro e contar sua história verdadeira. E ele diz que já contaram a história dele tantas vezes, de formas diferentes e com coisas sem saber que ele nem precisava e nem queria. 


Mais um ponto pra se pensar, somos nós que incentivamos indiretamente isso, consumindo esses conteúdos ou são as pessoas que usam desse conteúdo? Esse conteúdo nos diz algo sobre nós? O Ed teve sua história distorcida e inspirada pra entretenimento e até onde se vai em nome disso? Fica a reflexão.


Pra mim, Ed Gein foi uma boa temporada com atuações ótimas do Ed e sua mãe, e com paralelos muito distintos que se não forem totalmente compreendidos vão parecer tediosos, mas de geral é uma daquelas séries muito legais pra quem gosta do gênero e em saber que ele acabou sendo o pontapé pra vários horrores depois disso. Pra quem não lembra ele foi citado em Dahmer. Assistam, e vão até o final. Vale a pena refletir e entrar na perspectiva dele mesmo que nem tudo ali seja real. 





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